CAPÍTULO
5
RESULTADOS:
A PAISAGEM DE CONSERVAÇÃO
DA BIODIVERSIDADE
Representatividade
das Unidades de Paisagem
Dez
das dezoito unidades de paisagem
têm menos de 3% de suas áreas
com cobertura florestal nativa –
a unidade de paisagem melhor representada
tem somente 19% e o que resta está
altamente fragmentado. A representatividade
das unidades de paisagem dentro
de áreas de proteção
integral varia de zero por cento
(nove unidades de paisagem) a 3,45%
(a unidade melhor representada)
de suas áreas originais (Tabela
3).
Apenas oito das dezoito unidades
de paisagem estão representadas
em pelo menos um grande fragmento
florestal maior que 10.000 ha (Tabela
4). As dez unidades de paisagem
que não têm grandes
fragmentos florestais e que têm
pouca representatividade dentro
do sistema de áreas protegidas
também não têm
qualquer fragmento com alto valor
de índice de importância
do fragmento. Praticamente não
existe possibilidade de se obter
uma boa representatividade dessas
dez unidades de paisagem na Paisagem
de Conservação da
Biodiversidade final (11). As oito
unidades de paisagem que ainda têm
fragmentos florestais maiores que
10.000 ha estão representadas
em áreas de proteção
integral. Devido a esta situação,
os esforços de conservação
da biodiversidade na Ecorregião
Florestas do Alto Paraná
devem estar direcionados no sentido
de garantir a resiliência
das áreas que têm possibilidade
de manter populações
viáveis de espécies
guarda-chuva e processos ecológicos.
Somente dessa forma será
possível a conservação
da maioria das espécies no
longo prazo. Ao mesmo tempo, devemos
tentar alcançar a melhor
representatividade possível
sabendo, porém, que alcançar
o objetivo de uma representatividade
de pelo menos 10% de cada unidade
de paisagem é quase impossível
na Mata Atlântica do Alto
Paraná e que a Paisagem de
Conservação da Biodiversidade
final não alcançará
esse objetivo (ver abaixo outras
discussões sobre a implicação
disto nos objetivos de conservação
da biodiversidade).
A
Paisagem de Conservação
da Biodiversidade
A
Paisagem de Conservação
da Biodiversidade é composta
de três tipos principais
de áreas (Figura
32).
A)
Áreas Prioritárias
para Conservação
da Biodiversidade
Definimos cinco categorias de
áreas prioritárias:
Áreas-núcleo:
As Áreas-núcleo
são blocos de floresta
nativa bem preservada grandes
o suficiente para apresentar
resiliência às
pressões que provocam
perda de biodiversidade. Estas
são as áreas biologicamente
mais importantes para conservação,
sejam públicas ou particulares.
Além de abrigar biodiversidade,
contribuem para a manutenção
de serviços ambientais
importantes para a qualidade
de vida humana (tais como armazenamento
de carbono, equilíbrio
e qualidade do suprimento de
água e beleza cênica).
Nestes locais, a atividade humana
deve se reduzir a um mínimo
e ser de baixo impacto. Cada
Área-núcleo deve
ser mantida sob proteção
integral de forma a manter uma
área de floresta nativa
contínua grande o suficiente
para abrigar todo o ciclo de
vida de indivíduos de
espécies que necessitam
de grandes extensões
de floresta, como onças
e queixadas.
Para
atingir este objetivo, as Áreas-núcleo
devem obedecer os seguintes critérios:
• Ter
mais que 10.000 ha.
• Ter alto potencial de
conservação (o índice
de potencial de conservação
deve variar de 32 a 64) em mais
de 60% da área.
• Ter uma área com
cobertura florestal contínua
maior que 10.000 ha, excluindo
uma faixa de 500 m de largura
(zona tampão) sob efeito
de borda.
(11)
Nosso Plano de Ação
da Ecorregião inclui um levantamento
de campo para testar a validade
das unidades de paisagens identificadas
nesta Visão e para avaliar
se existem espécies da Mata
Atlântica que ocorrem somente
nas unidades de paisagem não
representadas pela Paisagem de Conservação
da Biodiversidade. Se existirem,
e se essas espécies não
necessitarem de uma área
extensa para terem uma população
viável (ex.: pequenos vertebrados),
a conservação dos
fragmentos florestais nestas unidades
de paisagem pode tornar-se parte
da Paisagem de Conservação
da Biodiversidade (Ver Capítulo
6). |