Indicadores para Política de Ciência, Tecnologia e Inovação

Informações que não são suportadas por indicadores podem não passar de meras opiniões de seus autores. A afirmação contundente foi feita por Leonardo Uller, secretário adjunto do Programa Ibero-Americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (Cyted) e destaca a importância das discussões que tomam lugar no 7º Congresso Ibero-Americano de Indicadores de Ciência e Tecnologia, que teve início na manhã de quarta-feira (23/5), em São Paulo, e se estende até sexta-feira, com o tema “Novos indicadores para novas demandas de informação”.

O objetivo do encontro é contribuir para a melhor formulação de políticas de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) nos países ibero-americanos. Durante a sessão inaugural, o argentino Mario Albornoz, coordenador da Rede Ibero-Americana de Indicadores de Ciência e Tecnologia (Ricyt), fez um balanço dos 12 anos da rede, criada em abril de 1995 para otimizar o diagnóstico e a avaliação dos esforços em CT&I na região.

Albornoz explicou que os trabalhos da Ricyt se baseiam em quatro linhas principais: produção e difusão de informações; acordos metodológicos e o compartilhamento de experiências em coleta de dados; consolidação de capacidades e treinamento dos responsáveis pela elaboração de indicadores; e o desenvolvimento de indicadores que impulsionem redes temáticas que integram a Ricyt – como sobre percepção pública da ciência ou sobre impactos sociais da ciência e tecnologia.

“Os participantes desse congresso ajudarão a definir a agenda de atuação da Ricyt para os próximos anos, de modo a fortalecer a capacidade de oferecer respostas às necessidades de informação nessas quatro linhas de trabalho”, afirmou Albornoz.

Ao lado da contribuição das universidades, dos centros de pesquisa e das agências de fomento da América Latina e Caribe para a produção das estatísticas e da classificação dos indicadores sobre a região, Albornoz destacou a importância de parceiros internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), no fornecimento de dados que embasam os indicadores.

Rogério Meneghini, coordenador científico da Scientific Eletronic Library On-line (SciELO), ressaltou que a publicação eletrônica de periódicos científicos é fundamental para a criação de indicadores de C,T&I nos países em desenvolvimento, além de contribuir para a excelência das comunicações no setor.

“Ciência é a ciência publicada. Hoje, temos 2,5 mil revistas de acesso aberto na internet nos mais diferentes sistemas e bases de dados do mundo. Esse tipo de divulgação gratuita permite que os pesquisadores tenham visibilidade e acessibilidade universal, de modo que o aumento da citação de seus trabalhos indexados contribui para a geração de novos indicadores”, disse.

Subsídios para investimentos

A elaboração de indicadores de produção científica que permitam comparar rankings de universidades e instituições de pesquisa na América Latina e a cooperação entre cientistas de países da região por meio da co-autoria de artigos científicos também são assuntos em destaque no congresso.

Para representantes dos organizadores do evento, FAPESP e Ricyt, o debate sobre a formulação e a produção de indicadores pode subsidiar políticas públicas de gestão e de novos investimentos em CT&I.

“É uma felicidade grande essa conferência estar sendo aberta no dia em que a FAPESP completa 45 anos de existência. Um dos resultados dessa longa atuação, no contexto desse congresso, é a publicação dos Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação no Estado de São Paulo, que também apresenta referências do sistema de ciência e tecnologia brasileiro e da América Latina”, disse Carlos Vogt, presidente da FAPESP.

Publicado a cada três anos pela Fundação, o livro Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo está dividido em três tipos de dados principais: os de insumo (dispêndios públicos e privados em P&D, recursos humanos e panorama do ensino superior); de produto (produção científica e tecnológica, comércio de produtos de alta tecnologia e empresas inovadoras); e indicadores de impacto (socioeconômicos e culturais da CT&I na saúde, na tecnologia da informação e na percepção pública da ciência).

“Sem a produção sistemática e a análise de bons indicadores, teríamos dificuldades em saber onde estão e em que sentido os avanços do conhecimento caminham”, disse Sérgio Queirós, coordenador do Setor de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo e professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Queirós, que também estava presente na sessão inaugural do congresso, integra a equipe que está elaborando o quarto volume dos Indicadores de CT&I em São Paulo.

Nesta quinta-feira (24/5), o 7º Congresso Ibero-Americano de Indicadores de Ciência e Tecnologia contará com a apresentação do Índice Brasil de Inovação (IBI), iniciativa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Instituto Uniemp e da FAPESP.

O IBI é um ranking de empresas inovadoras do setor de transformação. As empresas mais bem classificadas, de acordo com os esforços para realizar inovação e os resultados obtidos pelas atividades inovativas, serão divulgadas e premiadas na ocasião.

Mais informações sobre o congresso www.ricyt.org/VII_congreso

Por Thiago Romero
Agência FAPESP (24/05/2007)